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REVISTA TRIMENSAL

DE

HISTORIA E GEOGRAPHIA

OU

JORNAL DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAPHICO BRASILEIRO

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FUNDADO NO RIO DE JANEIRO

DEBAIXO DA IMMEDIATA PROTECÇÃO DE S. M. I.

O SENHOR D. PEDRO II

Hoc facit ut longos durent benè gesta per annos
Et possint serâ posteritate frui.

TOMO XII

SEGUNDA EDIÇÃO

RIO DE JANEIRO.

TYPOGRAPHIA DE JOÃO IGNACIO DA SILVA

91 RUA D'ASSEMBLÉA 91

1874.

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EXPULSÃO DOS JESUITAS DO COLLEGIO DE S. PAULO

Composta pelo sargento mór Pedro Taques d'Almeida
Paes Leme.

(Manuscripto offerecido ao Instituto pelo socio effectivo o Sr.
Manoel de Araujo Porto Alegre.)

Fundou a villa de S. Vicente na costa do sul do Brasil

depois cabeça da capitania do mesmo nome) Martim Affonso de Sousa, que veiu de Lisboa feito governador das terras do Brasil, com poderes para as dar e repartir em sesmarias aos que quizessem povoar as ditas terras, por provisão do Sr. rei D. João III datada em a villa do Crato a 20 de Novembro de 1530. Deixando povoada a dita villa da ilha de S. Vicente, e estabelecida uma grande fazenda com engenho de assucares com vocação de S. Jorge, se retirou o dito Martim Affonso de Sousa para o reino em fins do anno de 1534. O Senhor rei D. João III lhe deu n'este mesmo anno o foral da dita capitania de S. Vicente, com doação de cem leguas de costa para fundar capitanias.

Na ilha de S. Vicente entraram os jesuitas, e n'esta villa fundaram collegio; d'elle sahiram alguns padres, que su

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biram a serra de Paranapiasor, e chegando á villa de S. André da Borda do Campo passaram avante quatro leguas de campanha rasa, e pararam no campo de Piratininga, cujo reino dominava Teviriçá, cacique d'elle, o qual na fonte do sagrado baptismo e depois d'elle, ficou sendo conhecido por Martim Affonso de Sousa, em contemplação de se chamar assim o donatario da capitania. N'este sitio celebrou-se missa, a primeira, no dia 25 de Janeiro do anno de 1554, que por ser dedicado á conversão de S. Paulo, ficou dando este nome á terra.

No fim do anno de 1567 se transmigraram os moradores da villa de S. André para a de S. Paulo de Piratininga por determinação de Mem de Sá, terceiro governador geral do Estado, e a requerimento dos padres do collegio da villa de S. Vicente, quando a ella chegou o dito governador geral em Junho d'esse anno. Augmentou-se a povoação de Piratininga, tomando o nome da villa de S. Paulo, com a conversão dos gentios, cuja administração no espiritual tinham os padres jesuitas, os quaes concebendo maior ambição de dominio se fizeram senhores de todo o governo temporal do ditos gentios, como direito dos portuguezes, nacionaes e europêos.

Alguns annos soffreram os paulistas os damnos que recebiam da falta dos serviços dos indios, que já não gozavam para beneficio da cultura das terras que lavravam, até que descobertas por Affonso Sardinha as primeiras minas de ouro de lavagens nas terras de Jaguamimbaba de Paraguá, de Vuturuna, e de Vira Coyaba pelos annos de 1597, e querendo os paulistas trabalhar n'estas minas alugando indios para o labor, como faziam até o anno de 1602, em que de S. Paulo se ausentou para o reino D. Francisco de Sonsa, governador geral do Estado, foram experimentando e recebendo offensas dos jesuitas, que tinham arrogado a si o governo temporal de todo o gentio. Para se atalhar este pernicioso damno, origem de futuras consequencias, procuraram os povos estabelecer uma providencia, a qual se contem no termo do theor seguinte (1):

(1) Archivo da camara de S. Paulo, caderno das vereações, titulo 1610, pag. 49 verso.

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